Nos últimos dez anos, a infraestrutura de energia renovável em áreas rurais da África, como usinas hidrelétricas, turbinas eólicas e painéis solares, avançou em um ritmo impressionante. No entanto, apesar do crescimento na produção de energia renovável, muitas comunidades e empresas ligadas às redes elétricas nacionais não conseguem se beneficiar adequadamente dessa energia devido à falta de sistemas de armazenamento por baterias.A diretora de mercados emergentes na Ninety One, Olivia Carballo, destaca que para sustentar a demanda de energia, como carregar laptops de desenvolvedores na Nigéria, abastecer táxis elétricos em Uganda ou refrigerar vacinas de pesquisadores no Senegal, é fundamental uma infraestrutura robusta de armazenamento de energia. O financiamento de sistemas de baterias em larga escala, embora ainda uma tecnologia incipiente em muitos países africanos, acaba importante para garantir o acesso confiável à eletricidade.Recentes avanços na eficiência das baterias indicam que esse cenário pode mudar. O custo das baterias de íons de lítio, por exemplo, que atingiu US$ 139 por kWh em 2023, está projetado para cair para US$ 80 por kWh até 2030, segundo a BloombergNEF. Isso abre portas para soluções mais acessíveis em regiões como a África Ocidental. Além disso, a adoção de modelos de negócio como o "battery-as-a-service" pode facilitar o acesso a essas tecnologias, permitindo que consumidores invistam em baterias por meio de um sistema de leasing, reduzindo os custos iniciais.A integração de sistemas de armazenamento não só beneficiaria o mercado local, mas também posicionaria a África como um hub estratégico para a cadeia de valor global das baterias. O continente abriga uma parte significativa das reservas globais de minerais críticos para a transição energética, incluindo o lítio usado em baterias de veículos elétricos e de armazenamento em larga escala. Fortalecer as cadeias de suprimento locais e a capacidade de manufatura pode transformar a África em líder global na produção de componentes para baterias.Projetos já estão em andamento. Em Moçambique, o Emerging Africa Infrastructure Fund (EAIF) investiu US$ 19 milhões em uma planta de energia solar com 7 MWh de armazenamento, melhorando a oferta de energia em regiões remotas. No Maláui, um projeto pioneiro inclui 10 MWh de baterias, estabilizando a rede elétrica e reduzindo a dependência de geradores a diesel e hidrelétricas.No entanto, para que a África alcance seu pleno potencial no setor de renováveis e armazenamento de energia, a especialista acredita que será necessário um esforço conjunto entre governos, investidores privados e parceiros de desenvolvimento. A próxima década será decisiva para determinar se o continente conseguirá capitalizar seus vastos recursos renováveis e minerais, tanto para o desenvolvimento interno quanto para se tornar um ator chave na transição energética global.Portal Brasil Solar com informações da mídia internacional Climate Home News.