Na última quarta-feira, 16 de outubro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) anunciou um marco significativo para o setor energético brasileiro: a entrada em operação de três novas linhas de transmissão de 500 kV e uma subestação no Ceará. Com essas adições, a capacidade de escoamento de energia elétrica do Nordeste, um dos maiores polos de geração de energia renovável do Brasil, aumentou para 13.000 MW, reduzindo as restrições que frequentemente limitam a geração de fontes eólica e solar.O diretor-geral do ONS, Márcio Rea, destacou que a ampliação dos limites de intercâmbio entre os subsistemas do Nordeste e as regiões Sudeste/Centro-Oeste e Norte é um passo importante para otimizar o aproveitamento das energias renováveis. No intercâmbio com o Sudeste/Centro-Oeste, o aumento será de cerca de 12%, elevando os índices de 11.600 MW para 13.000 MW. Já a carga exportada do Nordeste para o Norte terá um incremento quase de 30%, passando de 4.800 MW para 6.200 MW."A ampliação das linhas de transmissão está em linha com a estratégia de aumentar a transferência de energia do Nordeste, maior produtor de energia limpa do País, para os demais subsistemas, em particular para o centro de carga que é o Sudeste. É uma situação na qual todos ganham. O SIN ganha em termos de segurança energética e a sociedade se beneficia ao ter um sistema elétrico mais eficiente, em constante evolução e cada vez mais sustentado por fontes renováveis, contribuindo ainda mais com a transição energética, uma das agendas prioritárias do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira”, ressaltou Rea. Essas mudanças acabam fundamentais, especialmente após as restrições que ocorreram em agosto de 2023, quando a capacidade de escoamento foi significativamente afetada. A operação segura e confiável das novas linhas permitirá que a produção de energia renovável no Nordeste volte a níveis anteriores, maximizando o uso de recursos naturais, como vento e sol.Além das novas instalações no Ceará, está prevista para o final de outubro a ativação de mais uma linha de transmissão na Bahia, a Olindina – Sapeaçu, que elevará ainda mais a capacidade de escoamento para 13.800 MW. Essas melhorias são frutos do Lote 03 e Lote 07 do Leilão de Transmissão n.º 02 de 2018.A ampliação do intercâmbio de energia entre as diversas regiões do Brasil não é apenas uma questão técnica; é uma necessidade estratégica, segundo o especialista. O projeto acaba como um avanço não só para a segurança energética do Sistema Interligado Nacional (SIN), mas também para a sociedade, que se beneficiará de um sistema elétrico mais eficiente, sustentado por fontes renováveis.Além da construção de novas linhas, o ONS também anunciou mudanças na metodologia para a definição de restrições. Desde setembro, as decisões não se baseiam apenas no impacto da restrição em ativos de transmissão, mas também consideram um conjunto maior de geradores que afetam o fluxo de potência. Essa abordagem mais abrangente é um passo importante para a minimização das restrições de geração e para garantir um sistema elétrico mais resiliente e adaptável às necessidades futuras.